O comportamento do mercado imobiliário vem mudando nos últimos anos. Depois de um período que durou cerca de uma década, de valorização rápida de apartamentos, casas e terrenos no país de forma geral, e de modo sensível em Santa Maria, o que se vê é uma estabilização dos preços.
Alguns corretores e especialistas falam em retração no mercado, em queda de ritmo. Outros apontam para um fenômeno natural, de oscilação constante na relação oferta e demanda, causada também pelos ciclos de incentivo à construção e à aquisição de imóveis no país.
Depois de perceber que apartamentos de um dormitório tiveram seus preços de venda, nos classificados do "Diário", multiplicados por até seis vezes, entre 2004 e 2014, conforme levantamento publicado neste ano, os preços de oferta não subiram na cidade. Se for descontada a inflação, o valor médio de venda até caiu em alguns bairros, como Centro, Dores e Camobi. Já o bairro Rosário segue com a valorização aquecida, o que pode ser atribuído à influência do Centro Universitário Franciscano (Unifra).
O mercado imobiliário é sensível aos acontecimentos. O curso de Medicina na Unifra certamente impactou nessa valorização, com mais pessoas vindo estudar na instituição, e pessoas com poder aquisitivo mais alto explica o economista e professor universitário Mateus Frozza.
No caso de apartamentos com dois dormitórios, a observação é semelhante. A exceção, dessa vez, é o bairro Dores, onde mesmo descontando a inflação de 2014 a 2016, esse tipo de apartamento segue sendo valorizado (veja mais no gráfico abaixo).
Avanços na infraestrutura e opções de lazer, como o Royal Plaza Shopping, e também a atração de empreendimentos comerciais, ligados à sede dos diferentes órgãos do Judiciário, no mesmo bairro, contribuem para a valorização.
Redução nos orçamentos
Para o vice-presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis dos Edifícios e Condomínios Residenciais e Comerciais de Santa Maria e Região (Secovi), Erivelton do Nascimento, a redução nos orçamentos para financiamento subsidiado, sobretudo na Caixa, foi um dos principais fatores que contribuíram para a retração do mercado imobiliário. Segundo Frozza, a retração do mercado da construção civil foi de 8,9% no país, nos últimos meses.
Por outro lado, é um bom momento para quem quer comprar um imóvel. As negociações melhoraram, na região e também no Brasil inteiro, e os empreendimentos que começaram a ser construídos estão seguindo, então, tem boas opções à disposição explica Nascimento.
Para Carla Delfim, gerente de vendas da Nilo Imóveis, mesmo com menos recursos e taxas um pouco mais altas, o financiamento segue condicionando muitos negócios:
Continua como primeira opção para compra de um imóvel. Dentre 10 clientes, 8 usam financiamentos. É uma constância.
Preferido é o de um quarto
A valorização no mercado imobiliário costuma seguir a lei da oferta e da procura. Quanto menor a disponibilidade de um bem, mais caro ele tende a ficar. Porém, outros setores contribuem para a valorização. Investimentos em infraestrutura em determinado bairro, como os observados em Camobi nos últimos anos, atraem os investidores, que aceleram as construções. Como o ambiente fica mais atrativo, imóveis novos e fatores externos, como a transferência dos cursos da UFSM para o campus, o preço tende a subir mais depressa.
Conforme a corretora Celeste Miranda, da imobiliária Fernando Flores, o imóvel de um dormitório segue sendo o preferido, é o mais procurado na área central da cidade. Quem compra na planta por R$ 140 mil, por exemplo, em geral revende por R$ 180 mil quando fica pronto.
É uma tendência do mercado a preferência por apartamentos pequenos. Porém, acaba deixando o mercado de imóveis de alto padrão com poucas opções, contribuindo para preços ainda mais"